Clínica Móvel

Durante os dias 24 a 02 de dezembro nós, Irmãs Helena e Ideneide juntamente à outros missionários estivemos trabalhando em uma das áreas mais atingidas pelo furacão mathew. Embora já se passara dois meses, a impressão é que foi ontem pois ainda tem muitas coisas devastadas e muitas famílias sem casa, sem comida e com outras necessidades, principalmente de recursos médicos. Éramos um grupos de uns dezoitos a vinte voluntários e atuamos com clínicas móveis. A maratona foi um pouco puxada. Levantávamos às 4:30 e retornávamos já com o tempo escuro. O percurso não era tão fácil. Estradas com muito barro e em alguns lugares intransitáveis tendo que descer e caminhar uns quatro Km carregando os instrumentos de trabalho. Em outras localidades tínhamos que subir no pico da montanha com a estrada cheia de barro e outros momentos muitas pedras e valetas com o espaço somente para um carro. A prece era pra não chover e nem vir outro carro, pois só tem passagem para um carro. De um lado a parede da montanha e do outro um imenso abismo. Com apenas o café da manhã passávamos o dia com alguns biscoitos e os mesmo muitos olhares se voltavam para eles. Não tinha como não partilhar. Em duas comunidades só conseguíamos chegar de barca. Os lugares de atendimento nunca eram iguais, em todos tínhamos que improvisar com lonas, pedaço de zinco, tudo muito precário. Quanto ao povo um descaso total. Um povo esquecido ou, quem sabe pra sociedade eles existem? Tudo lhe é privado o direito a uma moradia digna, a saúde, educação, saneamento básico, e o principal o direito a alimentação. A quantidade de velhinhos doentes sem nenhuma atenção. Todos ainda muito traumatizados com o furacão e com as consequências. Perderam a lavoura, os instrumentos de trabalhos, casas, escolas, tudo. Sem falar nos que se foram. Não tive a oportunidade de conhece-la, mas nesta região de Jeremi, há uma mãe que tentou segurar o seu bebê de todas as formas porém o vento arracou-o dos braços e nunca mais o encontrou. Este e outros relatos são muitos frequentes e eles tem uma necessidade imensa de falar, e pareciam vivenciar tudo novamente. Porém em meio à tudo isso, só temos que agradecer os dias vivenciados com eles tentando ser um sinal de esperança e amenizar algumas dores do corpo e da alma.

 

Irmã Ideneide



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