Em meio à dor, tecer relações humanas.

No campo de refugiados, tenho vivido uma experiência de profundidade tal que, devido as circunstâncias e lugar, requer um olhar contemplativo e sensível para ver além do que é imediato. Neste espaço onde o sofrimento é presente de modo muito palpável e inigualável, tecer laços humanos de gratuidade, de acolhida, de atenção e de amor me desafia cotidianamente.

·         Duas meninas de 11 e de 10 anos querem ter comigo aulas de português. Eu as acolho com um grande abraço e faço festa quando as vejo. Elas se sentem acolhidas e amadas.

·         O menino mudo que fala através do sorriso e olhos expressivos, se agarra em mim e sente-se protegido, desde o dia em que o livrei do grupo de outros meninos que riam de sua mudez.

·         O jovem amigo que fica reconhecido por receber uma camisa e a coloca contente para andar comigo de uma ponta à outra do campo à procura de outros pobres.

·         A jovem senhora que tem a perna comprometida por uma grande ferida devido aos golpes recebidos dos rebeldes e que tenta expressar a sua dor por gritos e lagrimas, mas se acalma quando lhe estendo a mão e se sente compreendida.

·         A mulher grávida que prepara um novo ser, ao notar o interesse que tenho em saber como ela está e em que posso lhe  ajudar, para mostrar-me sua gratidão,  quer dar o meu nome ao bebê que virá.

Todas essas expressões de confiança e gratidão fazem com que o tempo doado ao povo refugiado se torne fecundo e abençoado. Além das dores, colho também  pétalas de amizade e teço redes de belas relações. Isto faz descobrir o sopro de Deus que passa também por este lugar.

Ir.  Mellina Clemente Botelho. 


A jovem mãe trança a filhinha que dorme.

Em meio aos sofrimentos as crianças brincam

Com a jovem senhora ferida pelos rebeldes


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