Missão junto aos refugiados congoleses


Com as crianças em aula de Português

Junto ao interesse de viver a missão no continente africano eu desejava muito ser presença junto àqueles que vivem em um campo de refugiados. Com a minha vinda para Angola, as duas coisas tornaram-se possível. Assim, no mês de maio, atendendo ao apelo lançado no encontro dos missionários em Luanda, ofereci-me para trabalhar no campo dos refugiados que entraram em Angola fugindo da guerra étnica que ocorre em determinadas regiões da República Democrática do Congo. Esses nossos irmãos e irmãs estão no estado de Lunda Norte, na cidade de Dundo e pelas estatísticas atuais somam 33.000 refugiados.

 

Somente estando no meio deles para entender o que passam os refugiados. Um sofrimento sem fim. É difícil encontrar uma família que não tenha sofrido a perda de alguém: pais e mães que perderam seus filhos; filhos que perderam seus pais; mulheres que perderam o marido e vice-versa. A realidade dramática de pessoas que vivem em estado de fome crônica. Os bebês que perderam as mães são alimentados com chá na mamadeira e, assim, são muitas as crianças desnutridas. As pessoas não têm mudas de roupa para trocar, não têm documentos, não têm nada e dependem de tudo porque fugiram de suas casas deixando tudo para trás, muitas delas trazem no corpo as marcas das violências sofridas. Se um dia retornarem a seu país, não encontrarão nada do que deixaram, pois os rebeldes incendiaram as casas e cidades.

 

Num campo de refugiados, a dignidade da pessoa humana é quase esquecida: as crianças andam despidas, não importa o sexo e as mulheres conseguem cobrir as partes íntimas com o pano amarrado na cintura. Alguns organismos não governamentais estão presentes para assistir aos refugiados, mas na verdade não se pode fazer tudo, pois as necessidades são muitas e por um mistério da graça o ciclo da vida continua, todos os dias nascem e morrem pessoas. Encontrei uma senhora, mãe de trigêmeos, cujo marido foi degolado pelos rebeldes.

 

O interessante é que conseguimos criar laços com essas pessoas que nos tomam como referência e diante de alguma dificuldade vêm ao nosso encontro em busca socorro. A rotina do trabalho é dura e exigente e um pouco que trabalhamos parece um tempo por demais longo. Além de oferecer o serviço e apoio aos refugiados é preciso saber trabalhar o nosso interior e saber se diferenciar. Participar do seu sofrimento, sem, contudo, identificar-se com o mesmo, isto é uma tarefa que nos desgasta.

 

Após 01 mês de trabalho, retornei à Luanda para retomar minhas atividades. Devido à distância não pude continuar nesse trabalho, estando fora da comunidade. Contudo, sou muito grata por essa oportunidade de fazer presente o carisma de nossa Congregação junto a esses nossos irmãos e irmãs desfavorecidos, “Servir a Deus, aos pobres e enfermos”, o desejo de nossa Madre Fundadora implanta-se neste continente berço da humanidade.

 

Ir. Mellina Clemente Botelho. 


Senhora tuberculosa com o neto

Senhora ferida na perna pelos agressores

Crianças abrigadas sob um galpão

Com uma criança muda

Avó com o neto de um ano, desnutrido


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