Deus cuida

Seis anos já se passaram, desde que eu cheguei a estas terras sagradas do Haiti. O meu sentimento é de profunda gratidão, por tantas maravilhas que Deus realizou em minha vida, apesar de ter passado tantas experiências tristes e dolorosas, devido à situação de miséria na qual o povo vive, como também de violência, manifestada nas mais variadas formas, a ponto de os próprios haitianos falarem algumas vezes: “voltem para seus países, pois a vida de vocês é muito preciosa”. Porém, imagino que o sentido da nossa consagração está na nossa entrega, sem reservas, ao serviço do Reino. “Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade” (Jo 10:18). Sinto que esta força, que nos impulsiona e encoraja, não vem de nós, e sim da presença amorosa e protetora de Deus, na certeza de que Ele está conosco todos os dias.

 

Esta proteção temos sentido fortemente nesses tempos de pandemia, em que o mundo inteiro vive as mesmas experiências de incertezas, inseguranças e de perdas. No Haiti, também, não está sendo diferente. Estamos em quarentena, as escolas e igrejas todas fechadas... Porém, não sabemos até que ponto as notícias fornecidas pelo Ministério da Saúde são verdadeiras, pois, a cada dia novos casos são divulgados, mas a vida continua como se nada existisse. O povo na rua, como se fossem formigueiros, a minoria com máscaras e, concretamente falando, ninguém conhece nenhum caso confirmado. Imagina-se que ainda não virou um caos, porque, quando se divulgou o primeiro caso, de imediato, os aeroportos e fronteiras foram fechados. Além disso, Haiti tinha acabado de sair de uma grande manifestação, que durou três meses, bloqueado, e nada funcionava. Com isso, muitos estrangeiros saíram do Haiti. Ou seja, o fluxo era de saída, e não de chegada.

Contudo, rezamos, para que Deus continue nos protegendo, pois Haiti não tem estrutura nenhuma para enfrentar uma pandemia, já que não dispõe de hospitais capacitados. Sem falar que o povo, mal alimentado, não tem também tanta resistência.

 

Quanto à nós, Irmãs, passamos dois meses em casa, embora, diariamente, as pessoas viessem até nós, em busca de alimento, pois o que está matando o povo não é o corona, e, sim, a fome. Portanto, decidimos retomar ao nosso projeto; não estamos trabalhando com os grupos, mas atendendo as pessoas que nos procuram, principalmente, os idosos e as crianças desnutridas. Graças a Deus, que estamos bem, buscamos tomar os cuidados necessários, e, para a nossa sorte, a Adveniat nos presenteou com um projeto emergencial, pelo qual será possível distribuir alimentos para 150 famílias.

 

Por tudo rendemos graças ao Senhor!

Ir. Ideneide



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Irmãs Carmelitas
Da Divína Providência