A Vida Clama..

Partilho com vocês um pouco de minha experiência no Haiti, nos dias 5 a 26 de julho, quando estive conhecendo a Comunidade Intercongregacional da CRB, onde está nossa Ir. Ideneide e mais 4 Irmãs de diferentes Congregações.

Fizemos o tríduo de N. Senhora do Carmo com a comunidade das Irmãs e, no dia 16, celebramos missa e almoçamos com amigos.

Pude experimentar a insegurança em que vivem as Irmãs e tantos missionários brasileiros que doam sua vida ao povo haitiano.

Quando cheguei o país estava em pé de guerra, o povo protestava contra o aumento dos combustíveis em mais 50%. Aumento abusivo que acabava de assolar a vida dos pobres, a grande maioria aí, sobrevive com 1 dólar por dia, comendo apenas uma vez ao dia.

O governo voltou atrás e a vida seguiu seu compasso. Pudemos então ir todos os dias para  bairro Corail, onde as Irmãs atendem gestantes, crianças, mulheres, adolescentes, jovens e idosos, desenvolvendo várias ações de promoção e resgate da vida mais ameaçada.

Realizam aí vários projetos: costura com cursos e fabricação de roupas com bordado haitiano e outros; artesanato com crianças e adolescentes; fabricação de vassouras de pet, sandálias, sabão caseiro;  futebol, música, dança. O projeto de saúde e nutrição faz o controle mensal do peso das gestantes e crianças, e as acompanha com a multimistura fabricada com a ajuda das mães. Também oferece uma refeição diária aos participantes dos diferentes projetos. Um grupo de mulheres se reveza para fazer a comida.

Como a situação de vida é muito precária são frequentes as doenças, e muitos, vão aí cada dia consultar-se com a Irmã que trabalha com a medicina alternativa. Os remédios são fabricados com a ajuda de grupos.

A vida clama em todas as suas formas: há falta de comida, de água, de luz elétrica, de saúde pública, de calçamento, saneamento básico, de coleta de lixo, de compaixão e dignidade pela vida. Sobra pobreza, miséria, fome, analfabetismo, descaso político com a dor dos mais pobres. Existe também uma minoria de ricos, os grandes supermercados. Quem tem dinheiro pode comprar de tudo!

O que vi de bonito: As congregações religiosas estão presentes nas áreas de saúde, Educação, promoção social. Há um bom grupo de missionários brasileiros que têm uma bonita união e convivência fraterna para ajudarem-se e ajudar ao povo. O que fazem pode ser pouco, mas já é algo.  Cada um vai colocando seu grão de areia!

O povo, mesmo com tanto sofrimento é alegre, gosta de cantar e dançar. Gostam do Brasil, pois por todo lado se vê a nossa bandeira!

Um grande desafio é a língua, porém a linguagem do amor fala mais alto! Pude contribuir no aperfeiçoamento do corte e costura com pessoas que já fizeram o curso e falta-lhes prática, também com o bordado em camisetas. Como são coisas práticas a linguagem dos gestos e a tradução das Irmãs nos ajudou na compreensão!

Para mim, foi uma experiencia muito forte, estar tão perto da miséria humana, como também sentir a insensibilidade humana diante do clamor da vida que aí vale muito pouco, ou nada!

Vem a minha memória, realidades bem parecidas que como congregação já vivenciamos, no norte de Minas, em Mirangaba, em Ibimirim, em Puyo e também no início, nossas primeiras Irmãs que ultrapassaram fronteiras para ir a lugares que ninguém queria ir, prestando serviços de Educação, saúde – promoção da vida!

Reflitamos: que fronteiras devemos atravessar hoje como Congregação? Que realidades clamam por vida, escuta, presença, doação, solidariedade, entrega?

As vezes é preciso deslocar-nos para a outra margem, para ver as coisas sob outra perspectiva, com um olhar mais profundo, humanizador!

“Se partes teu pão com o faminto... brilhará tua luz como a aurora”(Is. 58,7-8).

Ir. Gorete - Equador

 



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