Reflexão da Novena de Nossa Senhora do Carmo

1º Dia

Hoje, em nosso primeiro dia da Novena em honra a Nossa Senhora do Carmo, somos convidados e convidadas a refletir o tema: Com Maria, esperança de um novo tempo.  O texto do Evangelho, que acabamos de ouvir nos apresenta o anúncio do Anjo a Maria. Esse anúncio veio em uma época em que, como sabemos, havia uma sociedade marcada pela exclusão, injustiça, opressão, desigualdade social, que não valorizava o ser humano, sobretudo, os mais pobres e marginalizados. E, nesse contexto, o Anjo foi enviado a Maria, para anunciar esta grande e feliz notícia: “Eis que conceberás e darás à luz um Filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo”. Assim, o povo que “andava nas trevas viu uma grande luz”, luz de esperança, paz e amor.

E hoje? Vivemos nesta esperança de um mundo melhor, onde reine a paz que vem de Deus, e que não haja lugar para o egoísmo, a indiferença, a injustiça, o descarte que nos roubam a esperança. O Papa Francisco, em sua exortação apostólica Christus Vivit, assim se expressa: “Maria é o grande modelo para uma Igreja jovem, que quer seguir a Cristo com frescor e docilidade”. De fato, podemos concluir que a resposta para uma mudança social está em cada pessoa que tem um coração de jovem. Recordemos o próprio Papa Francisco, que diz que a juventude é um estado do coração: é a Igreja em saída missionária que aceita os desafios da missão e as dificuldades, com coragem, perseverança, ânimo e fé, sempre se perguntando como a jovem de Nazaré, Maria: “Como se fará isso? ”para deixar que o Espírito Santo nos guie e inspire no nosso dia a dia, e nos faça instrumentos novos para uma sociedade nova. E o Papa Francisco ainda nos fala: “Ser jovem é uma graça”.

Somos, portanto, vocacionados e vocacionadas, enviados e enviadas de Deus, como Maria, a imitarmos seu exemplo e comunicarmos a esperança com a nossas atitudes, gestos, palavras e ações, e colocarmos a serviço do Reino todo o nosso ser, e, sobretudo, os mais jovens em idade, a doar suas forças com todo vigor.

Além disso, somos, como Maria, interpelados a confiar na presença de Deus que está conosco: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”, e nos abrirmos a graça, aos apelos divinos, e assumirmos o compromisso de ser instrumentos e protagonistas de um novo tempo, pois a esperança nasce e cresce nos corações daqueles que se dispõem e comprometem a lutar por uma sociedade “antropocêntrica”, isto é, onde todos têm valor, dignidade e igualdade.

Deixemos ressoar em nosso interior as palavras do anjo a Maria: “Não temas”, para que, sobretudo, nós jovens, presente e futuro da sociedade, da Igreja e do Carmelo, possamos potencializar nossa juventude para Deus e aprender com Maria, nossa Mãe, Irmã e Mestra, a dizer sim ao Pai, sendo protagonistas de um novo tempo e o rosto jovem de Cristo no mundo.

Postulante Gislane Paiva Araújo

 

3º Dia

Vamos refletir um pouco sobre esta passagem que acabamos de ouvir. Esta passagem do Evangelho é bem conhecida, fala sobre Maria, visitando sua prima Isabel, e conforme o Evangelho, Maria ficou até 3 meses com sua prima. São duas mulheres que se encontram em momentos diferentes de suas vidas, são momentos vitais. Por exemplo, Isabel na terceira fase de sua vida, Maria quase na primeira, entrando na segunda. Uma é estéril, já com bastante experiência de vida, tanto Isabel, como seu esposo, os dois eram velhos. A outra, era jovem e virgem. Ambas eram portadoras de uma Vida Maior. Tinham consciência, e sabiam que em seus ventres geravam duas vidas: João Batista e Jesus. Podemos destacar algumas características neste texto: a alegria e o ser feliz, a alegria do encontro. A felicidade das duas mulheres é tanta que, quando Maria chega à casa de Isabel, o que acontece? As duas crianças se cumprimentam (Jesus e João Batista).  Eles se manifestam no ventre de suas mães, e as duas exultam de alegria.

Vamos pensando no texto que acabamos de ouvir, olhando nossa própria vida: quando encontramos uma pessoa amiga, como nos sentimos? Felizes. Imaginemos Maria e Isabel, sabendo que elas carregavam em seus ventres duas vidas que seriam a salvação do mundo: João, que veio preparar o caminho para Jesus, e Jesus, como nosso Salvador. Que encontro feliz! Imaginemos esse encontro com alguém. Olhemos para o texto: foi um encontro espontâneo, gratuito. Não foi uma visita pesada, foi tão espontâneo que, quando Maria chega, quando elas se cumprimentam, eles (os meninos) também se cumprimentam. Vamos imaginar esta cena, olhando para nossas vidas. Como são nossos encontros? Quando visitamos, como são nossas visitas? A quem procuramos nas visitas? O que levamos e o que trazemos? Levamos alegria, esperança...? Depois, o texto nos disse também que, assim que ouviu a saudação de Maria, a criança deu um pulo. A presença de Maria transforma o ambiente, a presença de Maria transformou a casa de Isabel, por que não dizer, completou a alegria que já estava naquela casa.

Então, podemos nos perguntar: nossa presença transforma o lugar por onde passamos? Como é a nossa presença? Ela leva alegria, leva confiança, bem-estar, ou nossa presença não é bem-vinda, não chega na hora certa, na hora precisa?

Então, Maria e Isabel têm muito a nos ensinar. Nesta oração, renovemos nossa confiança de estar juntos, a alegria de nos conhecer, de partilhar a vida, a missão. Todos nós temos que valorizar nossa presença e a do outro, principalmente, quando vamos visitar, sempre valorizar esse encontro interpessoal.

Com Maria e Isabel, devemos aprender a viver esse encontro interpessoal em que os dois bebês, ainda não nascidos, se cumprimentam no ventre de suas mães. Nossa presença deve transformar nossas casas, o ambiente onde trabalhamos, nossa comunidade, nossa comunidade eclesial.

Maria é uma pessoa enérgica e dinâmica, os evangelhos nos dizem que, por onde Maria passa ela leva seu dinamismo. Maria estava lá, com os apóstolos, Maria estava lá, ao pé da cruz, Maria estava e está sempre presente na comunidade. Sempre servindo. Jesus, em Sua vida pública, estava por aí, pregando a Palavra de Deus. Maria também estava na comunidade, servindo, compartilhando a vida, compartilhando fé.

Este mistério da visitação nos permite recuperar o sentido e o dinamismo de um encontro interpessoal. Vamos pensando neste encontro das duas mulheres, e também pensando nos nossos encontros no dia a dia, nas famílias, nas nossas comunidades. Só o amor é capaz de nos colocar na direção do outro, na direção dos irmãos. Assim como Maria não demorou, foi com pressa para servir sua prima, não podemos estar caminhando a passos lentos, mas sentir também esta necessidade de servir, servir os irmãos, apressar nossos passos na direção daqueles que mais precisam de nós.

Já temos experiência de visitar aqui na paróquia. Não podemos estar marcando passos. Onde há pessoas que precisam de nós, lá devemos estar. A necessidade não espera. Assim como Maria tomou a iniciativa de ir até sua prima Isabel, também devemos ter a mesma iniciativa de “correr”, para atender aqueles que mais precisam. Não podemos nos acomodar. Não podemos esperar que eles venham até nós, somos nós que temos que ir até eles. Então, compartilharemos vida e alegria.

Vamos cantar um refrão que diz: “se me falta o amor, nada adianta, se me falta o amor, nada sou”.

Deus continua agindo, através de cada um de nós. Ele nos transforma com sua força divina, assim como transformou a vida dessas duas mulheres. Ouviremos   um pouco do que nos diz o documento do Papa Francisco, escutemos o que ele tem a nos dizer sobre “solidariedade e serviço”.

 A solidariedade se manifesta concretamente no serviço, que pode assumir formas muito variadas de cuidar dos outros. O serviço é, «em grande parte, cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo». Nesta tarefa, cada um é capaz «de pôr de lado as suas exigências, expectativas, desejos de onipotência, à vista concreta dos mais frágeis (…). O serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até “padece” com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas». (Fratelli Tutti, 115)

Irmã Marieta Raimunda dos Santos

 

4º Dia

Acabamos de escutar, de acolher em nosso coração, o Evangelho de Lucas 1,46-55, já bem conhecido. Um Hino de Louvor, também chamado Magnificat, que Maria proclamou, ao encontrar Isabel.

Olhando atentamente este, texto vamos perceber nele as características de uma profissão de fé. Hino de louvor que mostra, claramente, o Rosto do Deus de Israel.

Qual o rosto de Deus que o texto nos revela?

Rosto de Deus preocupado com os pequenos, com os pobres, os órfãos, as viúvas, o estrangeiro. Grupos muito presentes nos textos bíblicos.

Rosto de Deus que conta com os pequenos, para que, através deles, possa realizar Suas maravilhas, realizar Suas promessas.

Foi o que aconteceu com nossa Senhora. O texto diz: “Ele olhou para a humildade de sua serva.”  Maria se considera serva humilde e pequena.   Em outro versículo: “O Todo Poderoso fez em mim maravilhas, fez em grandes coisas.”  A grande maravilha que Deus fez em Maria foi, exatamente, GERAR E TRAZER AO MUNDO O SALVADOR.

Rosto de Deus, cuja Misericórdia é eterna.  Que vai passando de geração em geração, que alcança a todos, até chegar a nós, hoje, e àqueles que precisam de Sua misericórdia.

Rosto de Deus que toma a dor dos pobres. A dor do pobre não é indiferente a Deus. O sofrimento dos pequenos não passa despercebido diante de Deus. 

Rosto de Deus que se mantém fiel à Palavra dada. “Eu serei o Deus de vocês e vocês serão o meu povo.”                                                                          

O texto apresenta, também, o rosto de Deus em relação aos ricos.

Rosto de Deus que condena a prática dos ricos prepotentes. 

Rosto de Deus que condena os opressores dos fracos, que condena os orgulhosos. 

Então, estes não experimentarão as riquezas e as maravilhas de Deus. Não é porque Deus não queira, mas porque seus corações, suas mentes, não se abrem à ação de Deus. Deus não pode realizar neles aquilo que eles não querem que aconteça em suas vidas. E o texto diz: “eles irão embora de mãos vazias.”

Contemplamos, assim, aqueles que experimentam as grandezas e maravilhas de Deus e aqueles que vão embora de mãos vazias.

É assim o agir de Deus!  Este é o Deus de Maria, o Deus dos Profetas, o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó. Este é o nosso Deus!

Acredito que a maioria de nós já escutou esta afirmação:  aquilo que Deus realizou em Maria, Ele deseja realizar em nós também. Assim como Deus quis a colaboração de Maria, Ele quer contar também com a nossa colaboração.

Em que sentido?

A) Criando condições para que a misericórdia de Deus possa chegar ao coração das crianças, dos pré-adolescentes, dos adolescentes, das juventudes, das famílias, a todos que são confiados a nós, através de nossas Obras Sociais.

B) Favorecendo, para que essas pessoas possam fazer a experiência do amor de Deus, da ternura de Deus, da paternidade e maternidade de Deus e de Sua misericórdia sem limites.

Alguns questionamentos à luz do texto 

1. Como Carmelitas leigos, como devotos de Nossa Senhora do Carmo, Fraternidades do Carmo, Carmelitas da Divina Providência, qual o rosto de Deus que revelamos no cotidiano da missão? 

2. Deus está realizando maravilhas em Barbacena, Teresópolis, Cataguases, Petrolina, e em  outras Obras Sociais nossas?  Conseguimos percebê-las? 

3. Cantamos e rezamos todos os dias “O SENHOR FEZ EM MIM MARAVILHAS...”

Este versículo é, de fato, uma verdade em nossa vida, é uma realidade. O Senhor fez em mim maravilhas. O Senhor está fazendo em mim maravilhas... Faço meu ato de fé nesta Palavra?

Na visita que Maria faz a Isabel, ela assume o agir de Deus. Ela vai até Isabel, sua prima, uma mulher idosa, pobre, discriminada por não ter filhos. Deus assume a causa de Isabel. As maravilhas que Deus realizou em Maria – gerar o Salvador – ela ainda jovem, também realizou    em Isabel, conceber um filho na sua velhice.

Deus quer realizar em nós, em você, em mim, muitas maravilhas! Que nossos corações, nossas mentes, nosso ser se abra à ação de Deus, assim como fez Nossa Senhora.  

“A graça de Deus não escolhe os soberbos, mas os humildes,

A graça de Deus não escolhe os poderosos, e sim os fracos,

A graça de Deus não escolhe os saciados, e sim os famintos.

“Maria Deus, Maria da gente, Maria da singeleza da flor.

Vem caminhar, vem com teu povo, de quem provaste a dor.”

Ir. Maria Edwiges Teixeira

 

6º Dia

Há vários níveis de convivência, e até de fraternidade. Temos os irmãos do parentesco do sangue, temos os irmãos de fé, temos os amigos que consideramos irmãos. Aqui, estamos entre irmãos, pois somos uma fraternidade, a Fraternidade Madre Bernadete, e, mais ainda, irmãos na Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. E todos, irmãos em Cristo Jesus.

A Palavra que ouvimos narra o momento em que, ao redor de Jesus, estão muitas pessoas desejosas de ouvir sua palavra, quando Sua mãe e Seus irmãos chegam, e O procuram. Ao ouvir que O procuravam, Jesus pergunta: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?” E, ao olhar em volta, diz: “Eis minha mãe e meus irmãos; quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Podemos observar, neste texto, que os parentes de Jesus estão temerosos quanto à Sua maneira de agir, pois Ele pode colocar em uma situação delicada a boa reputação da família. Por isso, decidem ir ao Seu encontro, e tentar controlar a situação, a fim de preservar o bom nome que têm. Levando em consideração que, na época e no contexto cultural e religioso no qual Jesus estava inserido, a família tem enorme peso e importância na sociedade, Jesus se torna motivo de escândalo, uma vez que enaltece seus seguidores, considerando-os mais que a família. Marcos faz notar o contraste entre a família que fica fora e os que estão ao redor de Jesus. Mostra, dessa maneira, a hostilidade que Jesus recebe do ambiente onde tinha vivido. Com seus gestos e palavras, Jesus esclarece que, embora a família tenha a sua importância, ela não está acima, e nem prevalece sobre aqueles que aderem à Palavra de Deus, e a coloca em prática.

Este texto nos leva a perceber que Jesus, ao colocar a pergunta sobre qual é a Sua verdadeira família, constitui uma nova comunidade, a daqueles que, compreendendo a sua mensagem, e desejando cumprir melhor a vontade de Deus, colocam-se no caminho do seguimento.

O mandamento que dá fundamento e sustentáculo a essa nova comunidade é o amor a Deus e ao próximo. É a partir da observância e vivência desse mandamento e do anúncio da boa notícia que se forma a comunidade, pois a verdadeira união com Jesus se faz pela missão comum.

Sendo assim, os laços de sangue não são decisivos. A única condição para pertencer à nova família é cumprir a vontade de Deus, pois esta é criada a partir da vivência dos valores do Reino de Deus.

Maria foi a pessoa mais unida a Jesus pelos laços do Reino, pois foi a primeira que acreditou, a que melhor cumpriu a vontade de Deus e se tornou, assim, a primeira discípula do Seu Filho

Para quem deseja ser discípulo de Jesus, fica o convite para fazer parte da Sua verdadeira família. Pois aqueles que cumprem a vontade de Deus se tornam os parentes mais próximos de Jesus.

A finalidade do relato de Marcos é definir a comunidade reunida ao redor de Jesus. Os verdadeiros parentes distinguem-se por cumprir a vontade de Deus. Jesus se sente próximo de todos aqueles que trabalham na construção do Reino, e gastam a vida amando e servindo os irmãos.

Carmelitas Leigos



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