NOVICIADO: CHAMADO A NAZARÉ E CAMINHO PARA CAFARNAUM

Deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum (...) para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon e Neftali, caminho do mar, do outro lado do Jordão, Galileia das nações! O povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz” (...) (Mt 4, 16).

No Evangelho de São Mateus 4, 12-23, Jesus, ao saber da notícia de que João tinha sido preso, dirige-se novamente à Galileia, não mais para continuar a sua vida no escondimento, maspara uma nova etapa: anunciar o Reino de Deus. Assim, deixa Nazaré e vai para Cafarnaum, terra dos pagãos, de pessoas tidas como impuras e excluídas do convívio dos judeus do Sul.

Porém, é ali que inicia a sua grande missão, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”, evocando, ao mesmo tempo, a profecia de Zacarias: “Sol nascente que nos veio visitar, como luz resplandecente a iluminar a quantos jazem entres as trevas e na sombra da morte estão sentados”. A partir desse momento, Jesus começa a anunciar o Evangelho, dizendo: “Arrependam-se, pois o Reino de Deus está próximo” (Mt 4,17).

Tendo a consciência de que a messe era grande: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários” (Mt 9, 38), Jesus chama algumas pessoas para ajudá-lO: “Venham após mim e farei de vocês pescadores de homens” (Mt 4, 19). Com este chamado, convidava-os para um discipulado, para uma mudança total de vida, e algo mais pleno: deixar as redes e “pescar homens” (Mt 4, 19) a fim de anunciar o Reino dos Céus.

Com efeito, trazendo o Evangelho para perto da minha realidade, posso dizer que também estou saindo de Nazaré, ou seja, do Noviciado, tempo de crescer “em estatura e em graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52), de perceber a presença de Deus na “brisa suave” (1 Rs 19,12) como Elias, para dirigir-me, nesta nova etapa, com Jesus, para Cafarnaum, onde moram as pessoas carentes, vulneráveis, que buscam um novo sentido de viver: “Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, proclamando a Boa Nova do reino e curando todo tipo de doença e debilidade entre o povo” (Mt 4, 23).

Por conseguinte, ao seguir os passos do Mestre, sou chamada a ser sinal de luz, anunciar o Seu Reino nesta realidade, a deixar as redes do medo, da insegurança, da comodidade, e estar aberta e disponível para a missão e, a exemplo de muitas Irmãs, ser chama viva, seguindo a trilha de Madre Maria das Neves.

De modo semelhante, ao recordar a história dos primeiros carmelitas, que precisaram deixar o Monte Carmelo e se adaptarem à nova realidade das cidades, trazendo, porém, gravados em seus corações, os valores do Carmelo, sou desafiada a encontrar, no dia a dia, o equilíbrio entre Nazaré e Cafarnaum. Em outras palavras, a cultivar a busca do escondimento, recolhimento, da presença de Deus e, ao mesmo tempo, sair em missão, estar no meio do povo para comunicar a Boa Nova.

Por fim, a partir da ótica do evangelista Mateus, cada pessoa, sem exceção, é chamada e provocada a encontrar sua Nazaré e Cafarnaum, a percorrer, diariamente, este itinerário físico e espiritual com o Mestre, a encontrar o equilíbrio entre as duas realidades, e deixar transbordar, na missão que Deus Pai nos chama e confia, por meio de Jesus, na força do Espírito, o que está em nosso coração, “pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12, 34).

 

Noviça Gislane Paiva Araújo

 



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